O perdão

Oi, mãe. Hoje eu queria falar com você. Sei que você já não tá mais aqui, mas, de algum lugar, acredito que ainda possa me ver, me ouvir, me ler… Quem sabe?

A saudade que eu tenho de você é algo que eu jamais imaginei sentir no curso da minha vida. Você bem sempre dizia que só se sente falta da mãe quando ela morre. Isso nunca foi tão verdadeiro.

Sei que passei longe de ser um filho perfeito. Sei que você enxergava minhas qualidades muito além de qualquer defeito que eu pudesse ter. Mas o fato é que, é… eu tive e tenho muitos defeitos. Hoje, sem o alicerce de você e do pai, eu me vejo, de certa forma, perdido no mundo. Sem saber o que fazer, pra onde seguir.

Eu cometi erros terríveis com você. Erros dos quais me arrependo profundamente. Me arrependo todos os dias da minha vida, ainda mais sabendo que não vou mais ter a chance de repará-los olhando nos teus olhos, pegando nas tuas mãos.

Algumas vezes te deixei de lado, quando não podia. Te proferi palavras horríveis, te acusei de coisas das quais você não tinha culpa alguma. Eu agi pelo impulso e por não saber cuidar com o carinho devido da situação. Mãe, eu sei que você, talvez, dissesse que me perdoaria de tudo, diria pra eu esquecer, que não tinha importância, mas o fato é que eu nunca vou me perdoar. Tenho tido sonhos recorrentes em que você sempre está, talvez seja a minha mente tentando, de alguma forma, poder mais uma vez te olhar nos olhos e pedir perdão.

Eu queria seguir em frente. Queria poder não baixar mais a minha cabeça pra vida, que ultimamente anda a me maltratar demais. Parte disso, talvez, seja essa culpa que eu tenho dentro do meu peito. Por isso, minha mãe amada, eu escrevo pra te pedir perdão. Saiba sempre que eu sou o homem que sou graças a você e ao pai.

Eu te amo, hoje e sempre.