Arquivo para julho \29\-02:00 2023

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AS COISAS MUDAM

Como as coisas mudam. Como a vida nos leva a caminhos que jamais imaginávamos. Se me perguntassem, há 3 anos, “onde você se imagina em 3 anos?”, eu provavelmente diria “ué, aqui mesmo onde eu cheguei”. Não sou do tipo que lida de maneira serena com mudanças. Mudanças me impactam de alguma forma. E, às vezes, mudanças ocorrem sem que tenhamos controle algum sobre elas. Mas, por mais surpreendentes que sejam, muitas vezes se fazem necessárias. Às vezes olho para trás, para esses 3 últimos anos e vejo fragmentos de um passado que deveria ter acontecido, mas vários acidentes de percurso me tiraram desse caminho. Para o bem ou para o mal.

Hoje, tudo é diferente. Se assim posso dizer, as mudanças pelas quais passei não foram decisões puramente minhas, mas foram tomadas por circunstâncias sobre as quais eu não tive controle algum. E acho que agora entendi, de fato, como é essa coisa de não termos controle algum sobre a vida. Sobre o que nos acontece com o passar do tempo. Vi isso num filme, uma vez. “Náufrago“, com Tom Hanks, vocês devem conhecer. Em um dado momento seu personagem, Chuck Noland, diz assim:

“Não tinha poder sobre nada. Foi aí que me vi envolvido por uma sensação reconfortante. Eu sabia de alguma forma que tinha de ficar vivo. De alguma forma. Tinha que continuar respirando, mesmo sem motivos de esperança. Minha lógica dizia que nunca mais veria este lugar de novo. E foi o que eu fiz. Fiquei vivo. Continuei respirando. E, um dia, essa lógica mostrou estar errada, porque a maré veio e me trouxe a vela. E agora, aqui estou. Estou de volta.”

De alguma forma, sempre voltamos. Uma hora estamos por cima, depois o mundo desmorona sobre nossas costas e, quando estamos tendo quase certeza de que as coisas nunca mais vão mudar, elas mudam. Voltamos à superfície. Eu hoje estou de volta à superfície, mas confesso que nadar contra a corrente foi muito mais difícil do que eu imaginava. Achava que ia morrer no meio do caminho, ou algo assim. Achei, em muitos momentos, que não iria aguentar. Que, se não acabasse morrendo, iria simplesmente me entregar, desistir.

Pensando bem, acho que nunca houve uma mudança na minha vida em que eu realmente tivesse desejo que acontecesse. A primeira foi por necessidade. A segunda, por vontade de outrém. A terceira foi por achar que se reconectar iria fazer bem. Ledo engano… A quarta foi por não ter pra onde correr. E essa última foi para recomeçar. Um recomeço. Algo como reprogramar a rota e me colocar de volta nos trilhos. É esse o meu maior desejo. Independente de onde eu esteja, o que quero é poder novamente caminhar com minhas próprias pernas. Digo isso em todos os sentidos… É muito ruim se sentir um fracassado, um incapaz. É horrível estar em um lugar onde você simplesmente não quer estar. Mas, o que se pode fazer? Tal como Chuck Noland, mesmo em tempos de desespero, mesmo sem querer respirar, eu continuava respirando. Sem nem saber se algum dia eu iria sair da merda de vida que estava levando. Confesso que, muitas vezes, eu pensava que aquele era o meu destino. Meu fim… Que, apesar de ter tido uma vida maravilhosa até aquele ponto, eu realmente seria estatística e passaria o resto dos meus dias sem perspectiva alguma. “Acontece com tanta gente, por que comigo seria diferente?”, eu me punha a pensar às vezes.

Aprendi que mudanças vêm, nem sempre do jeito que queremos, mas são necessárias para que possamos recomeçar. E, por mais que não imaginemos, mudanças sempre alteram o curso das nossas vidas. De qualquer forma, mesmo não tendo planejado, esta é uma mudança que estou gostando. Se era necessária para que eu voltasse à superfície, então eu a abracei. E vou continuar respirando, como o Chuck. Quem sabe o que a maré pode continuar trazendo?




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